Aval do MEC permite que a obra seja distribuída de forma gratuita à rede pública de ensino e utilizada para fomentar debates sociais dentro das salas de aula.
A população de estudantes no Brasil vem retomando os patamares anteriores à pandemia de Covid-19. De acordo com o Censo Escolar de 2023, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), existem cerca de 47,3 milhões de alunos em todo o Brasil.
Além de matérias como Português, Matemática, História e afins, também é importante utilizar o espaço escolar para outras discussões. Temas como sustentabilidade, bullying, trabalho em equipe, dentre outros, também devem fazer parte do cotidiano da sala de aula.
Os professores, podem, então, contar com livros aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Este é um programa do Ministério da Educação (Mec) que avalia e disponibiliza obras didáticas e outros materiais de apoio pedagógico às escolas públicas e outras instituições de ensino.
Um exemplo de obra aprovada pelo PNLD que aborda importantes assuntos é o livro “Descobertas de Inaiá”, escrito por Isa Colli.
Um livro, várias discussões
Um livro apoiado pelo PNLD significa dizer que a obra passou por uma criteriosa avaliação pedagógica e metodológica, realizada por especialistas habilitados para realizar tal verificação e julgamento. Isso permite que professores e educadores do ensino público acessem com mais facilidade narrativas inspiradoras.
Anderson Evangelista, gerente comercial da Colli Books Editora, destaca a importância de ter uma publicação aprovada pelo PNLD. Para ele, o fato de os alunos receberem o material gratuitamente é uma forma eficaz de democratizar o acesso às fontes de informação e cultura.
“Outro ponto importante de ter uma obra aprovada no PNLD é a possibilidade de colaborar para fomentar a leitura entre crianças e jovens que talvez não tivessem acesso à literatura de outra forma“, destaca o gerente.
Com esse apoio, obras que discutem temas relevantes para as novas gerações se tornam mais acessíveis a professores e estudantes. “Descobertas de Inaiá”, por exemplo, traz “discussões sobre a convivência entre culturas diferentes, sobre a importância de valorizar e respeitar as tradições, as diferenças entre os povos e as crenças de cada indivíduo“, elenca Anderson.
A publicação retrata a história de uma jovem indígena chamada Inaiá, que passa a frequentar uma escola fora da aldeia. Vale destacar que a obra se passa na Floresta Amazônica, na região conhecida como médio Solimões. Trata-se de uma área com 185 aldeias e 21 etnias, incluindo os Kambeba.
Para Evangelista, com este tipo de obra “é possível também trazer ao debate especificamente o tema das diferenças entre os povos indígenas que vivem no Brasil; além de provocar reflexões sobre a influência dos colonizadores no passado de formação sociocultural do país”.
A aprovação pelo PNLD também facilita o acesso ao debate sobre a riqueza cultural de um povo, ao aquiescer uma obra que trata, por exemplo, de cerimônias religiosas, lendas, danças, costumes, gastronomia e artesanato dos povos originários brasileiros.
O diretor comenta que a presença de rituais como o Kuarup até danças como a Acyigua e a Dança da Onça em um livro como Descobertas de Inaiá “podem ensejar debates relevantes para a sociedade”.
Mesmo o diálogo sobre o bullying pode ser trazido para a sala de aula com ajuda desse tipo de publicação, que mostra a jovem indígena sendo rejeitada por seus colegas de turma devido a sua origem.
*Índio não, indígena*
Muitas pessoas não sabem, mas há um importante debate em curso sobre como referir-se aos povos originários brasileiros. Anderson Evangelista explica que “a palavra “índio”, que ganhou força no século 16 e foi usada durante tanto tempo, carrega preconceitos, além de omitir a diversidade dos povos”.
Ele conta que a mudança para o termo “indígena” veio aos poucos, com entidades de defesa da cultura indígena, ONGs e pesquisadores chamando atenção para essa causa. Em seguida, foram as escolas que passaram a adotar a palavra. No entanto, foi somente em janeiro de 2023 que o termo foi oficializado.
“A Funai, por exemplo, teve seu nome alterado de Fundação Nacional do Índio para Fundação Nacional dos Povos Indígenas; a data comemorativa, celebrada em 19 de abril, também passou a ser chamada de Dia dos Povos Indígenas”, finaliza o gerente.
Para mais informações, basta acessar: http://www.collibooks.com