(Imagem: Instagram Paris 2024 / Julien Fristch)

Rayssa Leal, Rebeca Andrade, Raicca Ventura, Mateus Nunes e Júlia Soares deixam um legado nos Jogos Olímpicos ao desmistificar teorias sociais sobre ambição, liderança e propósito

As Olimpíadas de Paris 2024 trouxeram uma série de inovações, incluindo o destaque de atletas muito jovens. A Geração Z, composta por indivíduos nascidos aproximadamente entre 1997 e 2012 e atualmente com idades entre 12 e 27 anos, está fazendo história ao conquistar medalhas olímpicas e desafiando a visão estereotipada que se tem dessa geração. Frequentemente rotulada de maneira simplista, a Geração Z se revela muito mais conectada com o propósito e a liderança do que se imaginava.

Essa influência jovem já ocorreu antes, quando Dimitrios Loundras, conquistou o bronze em 1896, aos 10 anos. Mais recentemente, a skatista japonesa Kokona Hiraki ganhou a prata em Tóquio 2020, aos 12 anos, na modalidade skate park. Rayssa Leal, conhecida como “Fadinha,” também brilhou ao conquistar a medalha de prata no skate street com apenas 13 anos.

Em Paris, o Brasil está sendo representado com destaque por jovens promissores em diversas modalidades. No skate, Rayssa Leal, agora com 16 anos, e Raicca Ventura, de 17 anos, se destacam. Na canoagem, Mateus Nunes, com 18 anos, e na ginástica artística, Júlia Soares, também com 18 anos, têm mostrado grande talento e dedicação.

“Nesses jovens atletas, vemos uma combinação poderosa de dedicação e resiliência, características que são essenciais não apenas no esporte, mas em qualquer jornada de vida. Eles nos lembram que, independentemente da idade, é possível alcançar grandes feitos com paixão e perseverança,” afirma Renato Herrmann, especialista em Desenvolvimento de Lideranças e Saúde Mental no trabalho.

Esses jovens não apenas desafiam mitos sobre a Geração Z, mas também ajudam a reformular nossas percepções sobre a juventude e suas capacidades. Veja a seguir como esses atletas estão mudando a narrativa e redefinindo o que significa ser jovem no cenário global.

5 mitos sobre a geração Z revelados na Olimpíada

Mito 1: Geração Z não quer fazer nada, muito menos procurar um rumo na vida.

Muitos acreditam que a Geração Z é desinteressada e preguiçosa. No entanto, os atletas desta geração estão desmentindo esse mito ao demonstrar um profundo comprometimento com seus objetivos e a busca pelo sucesso. Nas Olimpíadas de Paris 2024, vemos jovens atletas dedicados, treinando arduamente para alcançar a excelência. Sua paixão e determinação revelam um desejo significativo de alcançar grandes metas, desafiando a ideia de que eles não têm ambições concretas.

“Vimos Rayssa Leal garantir sua segunda medalha olímpica, desta vez um bronze, enquanto Rebeca Andrade, ginasta de 25 anos, subiu ao pódio quatro vezes (um ouro, duas pratas, no individual geral e no salto, e um bronze na disputa por equipes). Esses resultados destacam a dedicação e a busca por excelência que definem a Geração Z, mostrando que a determinação e o foco são traços marcantes na sua abordagem para alcançar objetivos, considerando que esses objetivos estão conectados com suas aspirações,” comenta Renato.

Mito 2: Geração Z não quer estar em cargos de chefia

Outra ideia errônea é que a Geração Z não está interessada em liderar ou assumir responsabilidades. Apesar de uma parte das pessoas dessa geração não ter interesse em papéis de liderança, a realidade, no entanto, é que muitos atletas olímpicos dessa geração estão assumindo papéis de liderança, tanto dentro quanto fora do campo. Eles não apenas buscam a vitória pessoal, mas também inspiram e orientam seus colegas, provando que estão prontos para orientar e causar um impacto positivo. Sua liderança se reflete em como eles se comunicam, motivam e colaboram, desafiando a visão de que não têm interesse em comandar.

Mito 3: Geração Z é excessivamente dependente da tecnologia

Outro mito comum é que a Geração Z está excessivamente dependente da tecnologia, o que pode prejudicar suas habilidades de comunicação e interação no mundo real. No entanto, os atletas da Geração Z demonstram que eles podem usar a tecnologia a seu favor, aproveitando-a para otimizar seu treinamento e melhorar seu desempenho. Eles utilizam ferramentas digitais para analisar dados, acompanhar seu progresso e conectar-se com treinadores e mentores, mostrando que sabem equilibrar a tecnologia com habilidades práticas.

Mito 4: Geração Z é pouco resiliente

A noção de que a Geração Z é menos resiliente do que as gerações anteriores está sendo desafiada pelos atletas olímpicos dessa faixa etária. Enfrentar adversidades e se recuperar de derrotas é uma parte fundamental do esporte, e muitos atletas mostram uma capacidade impressionante de superar desafios e persistir frente a dificuldades. Eles estão provando que têm a resiliência necessária para alcançar seus objetivos e lidar com as pressões que vêm com a competição em alto nível.

Mito 5: Geração Z não tem um sentido claro de propósito

Há também a ideia de que a Geração Z não tem um sentido claro de propósito ou direção. No entanto, propósito e crenças são a principal condicional que movimentam essa geração a atingir seus objetivos, gerar mudanças e lidar com os obstáculos da vida. As Olimpíadas de Paris 2024 estão desafiando esse mito ao mostrar que muitos atletas dessa geração têm uma visão clara de seus objetivos e do impacto que desejam ter. “O esporte não é apenas uma competição para eles; é uma maneira de expressar seus valores e fazer a diferença. Sua dedicação e foco em objetivos de longo prazo revelam uma clareza de propósito que é frequentemente subestimada,” aponta o especialista.

Renato também reforça que a Geração Z traz necessidades específicas que são diferentes de outras gerações e, no caso dos atletas olímpicos, eles são considerados líderes de sua própria carreira, pois a sua atuação em cada competição depende da determinação e empenho deles. “Acredito que a verdadeira grandeza não está apenas em conquistar medalhas, mas em como transformamos cada desafio em uma oportunidade de crescimento, seja como atleta ou como colaborador no mercado de trabalho. Estes jovens atletas nos mostram que quando conectados com suas crenças e propósitos,  a perseverança e a paixão são as chaves para transformar sonhos em realidade. Que possamos nos inspirar em seu exemplo e enfrentar nossas próprias jornadas com a mesma determinação e coragem,” conclui Renato Herrmann.

Renato Herrmann

Profissional de RH com mais de 10 anos de experiência global em Gestão de Talentos, Desenvolvimento de Lideranças, HRBP, Desenvolvimento e Aprendizado, Diversidade & Inclusão, Comunicação Interna e Aquisição de Talentos. Ampla experiência na concepção e implementação de iniciativas que se tornaram benchmarks globais em empresas globais, com atuação extensiva na América Latina, América do Norte, Europa e Reino Unido em diversas indústrias, incluindo consultoria, tecnologia (startups e grandes empresas de tecnologia) e bens de consumo. Tem como missão atual preparar a geração Z para assumir papéis de liderança, e auxiliar as empresas a se adaptarem para acolher essa geração com excelência. É CEO e fundador da Bold Minds, uma empresa global focada em auxiliar organizações a construírem ambientes de trabalho centrados na saúde mental, oferecendo consultoria, desenvolvimento estratégico, capacitação de lideranças e muito mais. É criador e apresentador do podcast Deixa Quebrar, um lugar para falar abertamente sobre o mundo do trabalho. LinkedIn.

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